A ONG ‘Climate Central’ lançou recentemente um estudo que indica que milhares de quilómetros quadrados de linha de costa vão ficar submersos se não se verificarem alterações nos padrões de emissões de gases com efeito estufa: até 2010, cerca de 50 grandes cidades de todo o mundo poderão ser afetadas por esta situação.
De acordo com a NASA, na última década, os níveis da água dos oceanos subiram cerca de 9 cm, o que dá uma média de 0,3 cm/ano. À medida que a temperatura média do planeta está a subir, a concentração cada vez mais significativa de população nas regiões litorais, relativamente próximas da linha de costa, poderá tornar-se um perigo a curto e médio prazo.
De acordo com o relatório da ‘Climate Central’, perto de 10% da população mundial vai ser afetada por este fenómeno, qualquer coisa como mais de 800 milhões de pessoas, que devido à poluição atmosférica, ao derretimento dos glaciares, tanto no Hemisfério Norte como no Hemisfério Sul, vão ficar vulneráveis e terão de procurar nova morada e reorganizar todo o seu estilo de vida.
As nações insulares do Pacífico, nomeadamente as que pertencem à Oceânia e ao continente asiático podem mesmo desaparecer. Este último será o mais afetado, pois países densamente povoados como China, Índia, Indonésia e Vietname vão ficar com grandes porções do seu território abaixo do nível do mar.
E em Portugal, como vai ser afetado?
Os efeitos no nosso país serão significativos: as áreas lagunares, como o Haff-delta de Aveiro (Ria de Aveiro) ou o Lido de Faro (Ria Formosa), serão dos locais mais afetados, com cidades como Aveiro, Faro e Olhão a perderem parte da sua mancha urbana.
Para além destas áreas, outros acidentes do litoral serão severamente afetados, como é o caso do tômbolo de Peniche e da baía de São Martinho do Porto. No mapa de risco desenvolvido pelos autores do estudo, são analisados cenários extremos de aquecimento global entre 1 e 4 graus Celsius acima da temperatura atual. No caso de Peniche, a situação é mesmo preocupante, já que até no cenário menos pessimista aquela cidade voltará a ser uma ilha.
No pior dos cenários, uma subida de 4 graus, o oceano pode chegar quase à Atouguia da Baleia, que dista cerca de 6 km de Peniche. Já no caso da baía de São Martinho do Porto, que se formou a partir de um antigo golfo, poderá voltar a uma paisagem conhecida, mas nunca vista. A água do mar poderá voltar a banhar Alfeizerão, mais que triplicando a atual área da baía.
As maiores cidades, Lisboa e Porto, também vão sofrer com a subida do nível dos oceanos, contudo é na bacia do Tejo que as consequências serão mais sentidas, nomeadamente nas cidades de Benavente, Carregado, Almeirim e Santarém. Na margem sul, a Costa da Caparica como a conhecemos hoje, desaparecerá, mesmo na melhor das perspetivas.













